Dr. Mario Celso Schmitt - Pediatra Blumenau - Pediatria

Home

O USO DE REPELENTES EM CRIANÇAS

31/03/2016



Os repelentes tópicos atuam formando uma camada de vapor com odor que afasta os insetos, mas é preciso ter cautela na hora do uso. Recomenda-se o uso para passeios em locais com maior número de insetos como praias, fazendas e chácaras, não sendo recomendado o uso prolongado e nem durante o sono. Repelentes são produtos químicos e podem causar reações alérgicas, por isso devem ser usados sempre com a orientação do pediatra.
 

Abaixo de 6 meses
Não há comprovação sobre a segurança dos repelentes para essa faixa etária.
 

Acima dos 6 meses
Para bebês acima de 6 meses, em caso de exposição inevitável, buscar orientação do pediatra. Os que contém IR3535 protegem por cerca de 4 horas. Usado na Europa já há vários anos e, em concentrações de 20% é eficaz, entretanto estudos diferem quanto ao período de ação contra o Aedes aegypti que parece ser muito curto.
 

Acima de 2 anos
Os que contém DEET são os mais utilizados. Quanto maior a concentração da substância, mais longa é a duração do seu efeito, mas não devem ser usadas concentrações maiores de 30 a 50%. Uma formulação com 5% de DEET confere proteção por aproximadamente 90 minutos, com 7% de DEET a proteção dura quase 2 horas e com 20% de DEET a proteção é de 5 horas. A concentração máxima para uso em crianças varia de país para país: nos EUA a Academia Americana de Pediatria recomenda concentrações de até 30% para crianças acima de 2 anos. A Sociedade Canadense de Pediatria preconiza repelentes com até 10% de DEET para crianças de 6 meses a 12 anos e autores franceses orientam concentrações de até 30% para crianças entre 30 meses e 12 anos. A maioria dos repelentes disponíveis no Brasil possuem menos de 10% de DEET. Deve-se evitar a aplicação em crianças menores de 6 meses.

Icaridina - em concentrações de 10% confere proteção por 3 a 5 horas e a 20%, de 8 a 10 horas. Deriva da pimenta e permite aplicações mais espaçadas que os repelentes à base de DEET, com eficácia comparável. Parece ser mais potente contra o Aedes Aegypti do que o DEET e o IR3535 e está liberado para uso acima de 2 anos. No Brasil, é o Exposis®.

Óleos naturais: são os mais antigos repelentes conhecidos e parecem ter eficácia razoável. Porém, por evaporarem muito rápido, protegem por pouco tempo. Um estudo mostrou que o óleo de soja a 2% conferiu proteção contra o Aedes por quase 1 hora e meia. O óleo de citronela por evaporar muito rápido, fornece proteção muito curta. Óleo de andiroba puro mostrou ser muito menos efetivo que o DEET. Óleo de capim-limão é o mais efetivo dos óleos naturais e seu princípio ativo já foi isolado.

Atenção ao utilizar pulseiras de citronela, pois além da baixa eficácia já foram relatados casos de alergia no local do contato com a pele.

O uso de vitamina B1 (tiamina) por via oral como repelente parece ser benéfico em alguns casos, porém com poucos estudos disponíveis demonstrando a sua real eficácia.

Acredita-se que ao ingerir a tiamina ela seja liberada pelo suor e o seu odor não seja tolerado pelos insetos. A dose recomendada é de 100 a 150mg/dia via oral diariamente, iniciando alguns dias antes da exposição ou mantendo a administração nos meses de verão (7-8). Pode ser formulada na forma de xarope ou encontrada com o nome comercial de Benerva® 300mg (meio comprimido para crianças) uma vez ao dia.


Orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) quanto à aplicação dos repelentes

1. NUNCA aplicar na mão da criança para que ela mesma espalhe no corpo. Elas podem esfregar os olhos ou mesmo colocar a mão na boca.

2. Aplicar a quantidade e intervalo recomendados pelo fabricante, lembrando que a maioria dos repelentes atuam até 4cm do local da aplicação.

3. NÃO aplicar próximo da boca, nariz, olhos ou sobre machucados na pele e seguir as orientações do fabricante guardando a bula ou embalagem para posterior consulta, em caso de ingestão ou efeitos adversos.

4. Assim que não for mais necessário o repelente deve ser retirado com um banho com água e sabonete.

5. NÃO permitir que a criança durma com o repelente aplicado. Apesar de seguro se usado corretamente o repelente é uma substância química e pode causar reações alérgicas ou intoxicações na criança quando utilizado em excesso.

6. Em locais muito quentes (temperaturas maiores que 30 graus) ou em crianças que suam muito, os fabricantes recomendam reaplicações mais frequentes.

7. Repelentes com hidratantes ou protetores solares devem ser evitados, pois essas associações não são recomendadas em crianças. Os repelentes reagem com os protetores solares e acabam por reduzir o efeito do protetor quando aplicados juntos. Pode-se aplicar o protetor solar e após 20 a 40 minutos realizar a aplicação do repelente escolhido.

8. A apresentação em loção cremosa é mais segura do que a apresentação em spray e deve ser preferida nas crianças.


Orientações da SBP para evitar os mosquitos

1. Proteção mecânica: utilize roupas com as mangas longas e calças compridas. As roupas finas não impedem as picadas, preferir tecidos de trama mais fechada e mais grossos. Evite roupas escuras (atraem mais insetos) e as roupas que ficam muito coladas ao corpo pois elas permitem a picada. O uso de perfumes pode atrair alguns insetos e deve ser evitado nas crianças. Algumas roupas já vêm tratadas com substâncias repelentes (geralmente artigos esportivos como camisas para camping e pesca).

2. Nos períodos do nascer e do pôr do sol as janelas devem ficar fechadas, o que reduz a entrada de muitos mosquitos. Os mosquitos como o Aedes atacam mais durante as primeiras horas da manhã e no final da tarde, mas podem picar à noite se houver suficiente luz artificial. São encontrados em locais abertos e possuem predileção pelo tornozelo, então a criança deve ser protegida quando está brincando fora de casa, com roupas que cubram esta parte do corpo(2). O uso do ar condicionado ajuda a manter os mosquitos afastados.

3. Existem produtos que podem ser utilizados nas roupas como a permetrina 0,5% em spray (para ser aplicada APENAS nas roupas e telas de janelas e NÃO diretamente sobre a pele). Estes produtos estão disponíveis para humanos nos Estados Unidos (lojas para artigos de camping) e em lojas de produtos para animais.

4. Instalação de telas e mosquiteiros. Eles podem ser tratados com a permetrina em spray ou alguns já estão disponíveis com a substância com ação repelente.

5. A dedetização por empresa especializada reduz a quantidade de mosquitos na casa, mas devem-se seguir todas as orientações de tempo de afastamento da casa e limpeza após a sua realização.

6. Os repelentes elétricos (com liberação de inseticidas) são úteis e diminuem a entrada dos mosquitos quando colocados próximos das janelas e portas. Deve-se tomar cuidado com os repelentes líquidos que podem ser retirados da tomada pela criança e acidentalmente ingeridos.

7. Aparelhos ultrassônicos ou que emitem luzes não possuem eficácia comprovada.

8. Realizar a limpeza do terreno da casa e, se possível, de terrenos, praças ou casas próximas, além da retirada de lixo e entulhos que possam acumular água parada que servem como local de criação de novos mosquitos.


Sociedade Brasileira de Pediatria SBP (Adaptado).

Galeria de Imagens
Compartilhar
Faça um Comentário
Ícone Natela Natela - Soluções Web